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Author Archives: carolindia

Danise Macielfoto danise

A violência baseada nas relações de gênero, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, é considerada um problema de saúde pública. Nesse tipo de violência, homens e mulheres, socialmente, não são vistos como iguais, em virtude de sua condição sexual, o que ocasiona um padrão hierárquico de relações sexuais. Os homens são mais afetados na esfera pública, enquanto as mulheres sofrem mais violência em seus ambientes domésticos. A violência doméstica com mulheres se constitui como qualquer ato que cause ou possa causar sofrimento físico, sexual ou psicológico para as mesmas, inclusive ameaças, coerção ou privação de liberdade.

Um estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa Cognição, Emoção e Comportamento, do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Psicologia, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, através de ONGs da cidade de Porto Alegre-RS, investigou como a violência causada às mulheres por seus parceiros pode trazer malefícios à sua saúde, causando Transtorno de Estresse Pós-Traumático e outros prejuízos cognitivos.

Os autores inicialmente discutem que essa violência pode ser caracterizada por:

  • agressões físicas, como golpes, tapas, chutes e surras; tentativas de estrangulamento e queimaduras; assim como ameaças de ferir as crianças ou outros membros da família;
  • abuso psicológico por menosprezo, intimidações e humilhação constantes;
  • coerção sexual; e
  • comportamentos de controle, tipo isolamento forçado da mulher em relação à sua família e amigos; vigilância constante de suas ações; e restrição de acesso a recursos variados.

Estudos prévios mostram que as consequências desse tipo de violência atingem a saúde física e a saúde emocional das vítimas. Fisicamente, pode causar dor de cabeça, dor abdominal, infecções vaginais, aborto espontâneo, lesões genitais, doenças sexualmente transmissíveis, e ainda a gravidez indesejada. Emocionalmente, pode resultar em depressão, ansiedade, disfunção sexual, desordens da alimentação, risco de suicídio, abuso de álcool e drogas e, principalmente, Transtorno de Estresse Pós-Traumático – TEPT.

O TEPT é um transtorno de ansiedade que ocorre após a exposição a um trauma severo que ameaça a vida, sendo caracterizado por uma resposta de intenso medo, impotência ou horror. Este transtorno é definido no DSM-IV-TR como uma resposta sintomática envolvendo: revivência (pesadelos, idéias intrusivas, sintomas somáticos relacionados ao momento do trauma); esquiva de estímulos associados ao trauma e entorpecimento da responsividade geral (evitar situações, pessoas ou comportamentos que relembrem o trauma, e ter dificuldade para lidar com novas situações ou sentimentos); e excitabilidade aumentada (insônia, irritação, dificuldade de concentração e um estado permanente de alerta e sobressalto) a um evento causado pelo stress.

Para realizar o estudo, dezessete mulheres vítimas de violência (por parte do parceiro) participaram da pesquisa, com idades entre 18 e 55 anos, sendo que 7 declararam sua ocupação como do lar e as outras 10 com ocupações variadas, com rendas de R$ 100,00 a R$ 1.200,00. A média de filhos era 4, cujo número individual variava de nenhum a 9. As medicações de uso psiquiátrico que tiveram seu uso relatado foram: antidepressivos, ansiolíticos e anticonvulsivantes.

Na realização da pesquisa foram respeitados os procedimentos éticos e utilizados os seguintes instrumentos: questionário sobre dados demográficos e saúde, rastreio para sintomas de estresse pós-traumático (SPTSS), Inventário Beck de Depressão (BDI), Inventário Beck de Ansiedade (BAI), Repetição de Dígitos, Teste de Trilhas (TMT – Partes A e B), Teste de Associação de Palavras Controladas (COWAT), Memory Assessment Clinics Self-Rating Scale – Short Version (MAC-SV) e Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV.

Verificou-se que todas as mulheres participantes do estudo passaram por eventos estressores e preencheram os critérios diagnósticos do TEPT. Elas também possuíam sintomas de ansiedade e depressão, sendo estes os sintomas de maior comorbidade com o TEPT. Ademais, a memória e a habilidade de concentração das vítimas também apresentaram prejuízos.

Segundo o que os autores concluem, a violência doméstica sofrida por estas mulheres caracteriza uma forma grave de trauma, com prevalência alta e usualmente crônica, principalmente por causar altas taxas de TEPT em mulheres expostas a essa situação perniciosa.

 

O artigo pode ser encontrado em

http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/277

 

 

 

 
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Posted by on July 1, 2015 in TEPT, UFPEL

 

Relaxamento respiratório e o manejo do craving em dependentes de crack

Lucas Oliveiralucas

O crack é atualmente considerado uma questão de saúde pública, sendo um problema, junto com outras drogas, para aproximadamente 98% das cidades do país. Em 2009 Zeni e Araújo realizaram um ensaio clínico do tipo quasi-experimental, no Hospital Psiquiátrico São Pedro, Porto Alegre (RS), a fim de testar a utilização do relaxamento respiratório para o manejo do craving e dos sintomas de ansiedade em usuários de crack.

O artigo publicado na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul utilizou uma amostra por conveniência, a qual foi composta por 32 homens com diagnóstico de dependência de cocaína (crack) de acordo com o CID-10. Os participantes possuíam entre 18 e 40 anos, e sua última utilização da substância havia sido entre 2 e 3 semanas antes do início do tratamento. Estes usuários também eram dependentes de tabaco e mais de 90% era dependente de maconha.

Os dados da pesquisa foram coletados de maio à outubro de 2008, em sessões de intervenção psicoeducativa em grupo e a partir de entrevistas individuais. A avaliação dos sintomas de ansiedade e de craving por cocaína foram feitas através dos instrumentos BAI (Inventario Beck de Ansiedade), EAV (Escala Visual Analógica de Ansiedade) e CCQ-B (Cocaine Craving Questionnaire-Brief).

A coleta teve início com a aplicação de todos os instrumentos. A seguir, os indivíduos foram expostos durante um minuto a imagens relacionadas ao crack (cachimbos, “pedras” e latas), tendo que posteriormente responder aos instrumentos novamente, a fim de avaliar a indução do craving e dos sintomas ansiosos. Após a indução do craving e dos sintomas de ansiedade iniciou-se a técnica RR (relaxamento respiratório), a qual era acompanhada pelo som de uma música calma durante dez minutos. Ao fim da realização do RR, novamente foram aplicados os instrumentos para avaliar a redução do craving e dos sintomas de ansiedade.

Os escores do BAI diminuíram em média 66% depois da aplicação do RR em relação ao estado do indivíduo após a indução do craving, e 36 % em relação ao estado inicial. O EAV diminuiu em média 65,5% após a aplicação do RR em comparação ao estado de indução/craving, e 5% em relação ao estado inicial. O CCQ-B diminuiu em média 32% depois da aplicação do RR em relação à indução do craving, e 11% em relação ao estado inicial.

Portanto, os dados indicam que após a aplicação do RR houve uma significativa redução dos sintomas de ansiedade medidos pelo BAI, como também dos sintomas de craving medidos através do CCQ-B e EAV. Os autores discutem que estes sintomas estão possivelmente relacionados.

Cabe destacar que o estudo apresenta algumas limitações, tal como o uso de música junto à técnica de relaxamento, dificultando a atribuição dos resultados especificamente ao relaxamento respiratório; a utilização de uma amostra pequena; a falta de um grupo controle; e a brevidade da técnica do RR. Não obstante, o artigo de Zeni e Araújo sugere que o relaxamento respiratório pode ser uma estratégia de prevenção de recaída para usuários de crack. Os autores destacam que a técnica possui vantagens, uma vez que pode ser ensinada no ambiente clínico e praticada em qualquer momento. Zeni e Araújo também salientam que a técnica poderia ser uma alternativa para o aumento da sensação de autoeficácia, facilitando a capacidade do indivíduo de lidar com a ansiedade e o craving.

O artigo “O relaxamento respiratório no manejo do craving e dos sintomas de ansiedade em dependentes de crack”, de Zeni e Araujo, pode ser encontrado na Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, disponível no site: http://www.scielo.br/pdf/rprs/v31n2/v31n2a06.pdf

 
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Posted by on May 4, 2015 in Dependência química, UFPEL

 

Exposição pré-natal ao álcool pode trazer déficits cognitivos e prejuízos nas habilidades sociais

Camila Perezfoto.camila

Você já parou para pensar nos danos trazidos às crianças devido ao consumo de álcool pela mãe durante a gravidez?
Pois um estudo realizado com crianças e adolescentes encaminhados para atendimento ambulatorial no Hospital Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HESFA/UFRJ) abordou exatamente essa questão.

O chamado “transtorno do espectro alcoólico fetal” abrange um continuum de sinais e sintomas observados em sujeitos submetidos ao álcool durante o desenvolvimento pré-natal. A manifestação mais aguda é denominada “síndrome alcoólica fetal”, caracterizada por atraso no desenvolvimento (tal como deficiência de crescimento pré e pós-natal e baixo peso em relação à altura), anomalias faciais (tal como fissura palpebral curta, lábio superior fino e face plana) e prejuízos no sistema nervoso central (tal como microcefalia e prejuízo intelectual).

Sabendo disso, o estudo em questão selecionou dez sujeitos de 6 à 16 anos com histórico de exposição alcoólica fetal. Para tal, foi necessário primeiramente que os indivíduos passassem por critérios de inclusão e exclusão, sendo necessário que estivessem na escola, não apresentassem um desempenho cognitivo que impossibilitasse a realização das tarefas propostas, nem histórico familiar de doenças genéticas. Foi certificado também que suas mães não possuíssem ingestão de algum outro tipo de droga, exceto álcool e tabaco na gestação.

Os instrumentos utilizados compreenderam entrevista semiestruturada, Escala de Inteligência Weschler para Crianças – terceira edição (WISC-III) e Matrizes Progressivas de Raven.  Essas testagens foram escolhidas em virtude de avaliarem funções cognitivas superiores e serem endossadas cientificamente para avaliação do QI.

O WISC-III é uma bateria composta por uma série de subtestes, onde o desempenho se resume em três medidas: QI Verbal (QIV), QI de Execução (QIE) e QI Total. Já as Matrizes Progressivas de Raven é um teste que avalia a inteligência não verbal, em particular a habilidade de deduzir relações lógicas entre objetos e elementos.

Como resultados gerais, os sujeitos obtiveram desempenho limítrofe no WISC-III, avaliado pela média do QIT. No teste Matrizes Progressivas de Raven, os testandos apresentaram desempenho dentro da faixa considerada “intelectualmente médio”.

Analisando os escores individuais, os autores observaram um continuum que englobou desde um desempenho médio até um desempenho dentro da faixa de deficiência intelectual. Além disso, a partir dos subtestes, as conclusões tiradas foram que os indivíduos encontraram dificuldades nas habilidades não-verbais, o que pode impossibilitar uma leitura correta do contexto social. Também foram encontradas dificuldade nas habilidades matemáticas e visuoespaciais (como ler mapas). Tomados em conjunto, os autores discutem que estes dados sugerem um perfil de desempenho cognitivo favorável para o surgimento de problemas secundários, tais como bullying e isolamento.

Como limitação do estudo, destaca-se o fato de que alguns indivíduos faziam uso de medicamentos contínuos, o que pode ter influenciado os resultados. Apesar disto, mesmo que preliminares, os dados indicam que pesquisas visando intervenções com indivíduos nesse cenário, bem como ações de prevenção com relação ao uso de álcool na fase pré-natal, se fazem necessárias.

O artigo Desempenho intelectual na exposição alcoólica fetal: relato de série de 10 casos, dos autores Vanessa Karam de Lima Ferreira, Gisele Viegas Dias Ferreira, José Mauro Bras de Lima e Marcelo Santos Cruz, pode ser lido na íntegra através do link: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v62n3/08.pdf.

 
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Posted by on April 23, 2015 in Inteligência, UFPEL

 

O envelhecimento e a perda de funções cognitivas: um estudo longitudinal sobre prejuízo e preservação das funções mentais em idosos

Franciele Nevesfran

Seria o envelhecimento responsável pela perda de funções cognitivas importantes nas nossas vidas? Um estudo realizado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), pelas pesquisadoras Irani Argimon e Lilian Stein, buscou responder esta pergunta através de um estudo que avaliou o desempenho cognitivo de idosos acima de 80 anos em uma análise longitudinal.

A motivação para realizar tal estudo deve-se ao fato de que muitas pessoas que atingem a terceira idade apresentam dificuldades específicas na realização de algumas tarefas, principalmente aquelas que exijam rapidez, concentração, atenção e raciocínio indutivo. A partir desta evidência, o estudo teve como objetivo avaliar e comparar o nível de preservação e prejuízo das funções mentais de idosos moradores da cidade de Veranópolis/RS em um intervalo de 3 anos.

A pesquisa ocorreu em duas etapas: a primeira em janeiro de 1998 e a segunda em janeiro de 2001. Inicialmente, 77 idosos foram selecionados para participar do estudo, dentre os quais, quatro recusaram-se a participar e seis apresentaram critérios de exclusão (demência ou delirium). No total, a etapa I contou com 66 idosos, 36% do sexo masculino e 64% do sexo feminino (a idade média não foi informada no artigo).

Três anos após a primeira etapa ter acontecido, 17 participantes foram a óbito, dois se negaram a dar seguimento na participação e um estava viajando, totalizando 46 idosos na amostra da etapa II (para os resultados do estudo, foram considerados apenas os 46 participantes que estiveram presente nas duas etapas). Destes, 76,1% eram do sexo feminino, 23,9% do sexo masculino e a idade média foi de 87 anos (DP = 3,52).

Os instrumentos utilizados para avaliação do desempenho das habilidades cognitivas dos participantes foram: Questionário Sócio-Demográfico; Percepção Subjetiva de Queixas de Memória; Subteste de Span de Números; Mini-Exame do Estado Mental (MEEM); Teste de Buschke de Lembranças Livres e com Pistas; Fluência Verbal – Categoria Animal. Os testes foram aplicados nesta ordem.  A coleta de dados foi feita individualmente, por psicóloga, em espaço cedido pela prefeitura da cidade ou em visita domiciliar a indivíduos residentes na área rural.

Três anos após a primeira coleta, os resultados mostraram que apenas 6,5% dos participantes tiveram diminuição na pontuação do MEEM (instrumento utilizado para avaliar o desempenho de funções cognitivas como orientação, memória imediata e recente, cálculo, linguagem e habilidade construtiva). Já em relação ao teste de Lembranças Livres e com Pistas, 13% dos idosos apresentaram uma maior dificuldade de memória no que diz respeito a capacidade de armazenamento, retenção e recuperação de memória remota. A tarefa Span de Números revelou escores baixos apenas para os participantes com três anos ou menos de escolaridade, indicando que a memória de trabalho parece sofrer prejuízos com a idade especialmente para as pessoas que tem menor escolaridade. Houve um leve aumento na pontuação no teste de Percepção Subjetiva de Queixas da Memória. Não foram identificadas alterações significativas para o teste de Fluência Verbal.

Também foram identificadas correlações significativas de horas de lazer, de atividades físicas e um bom convívio social com um melhor desempenho e preservação das funções cognitivas ao longo dos três anos. O fator escolaridade também demonstrou resultados significativos para participantes que possuíam mais de três anos de estudo, indicando que maior escolaridade é um fator protetor para o prejuízo cognitivo na terceira idade.

A partir dos resultados obtidos, os autores discutem que atividades ligadas ao lazer, exercícios físicos, envolvimento com a comunidade e escolaridade são fatores que podem amenizar os prejuízos decorrentes do declínio cognitivo causado pelo envelhecimento. Os autores também ressaltam que cada indivíduo possui um ritmo particular de desenvolvimento, e que a idade cronológica é apenas um dos fatores que pode afetar funções cognitivas, físicas e sociais.

O artigo Habilidades cognitivas em indivíduos muito idosos: um estudo longitudinal, de Irani I. de Lima Argimon e Lilian Miltnitski Stein, pode ser encontrado no Caderno de Saúde Pública, 21(1):64-72, jan-fev, 2005 e no link http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n1/08.pdf

 
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Posted by on April 22, 2015 in Terceira Idade, UFPEL

 

Relação dos turnos de sono e as funções cognitivas

Aléxia SteiMfoto ALEXIA

Todos já devem ter ficado se perguntando se o horário em que se dorme tem algo a ver com a quantidade de atenção que conseguimos prestar durante nossas atividades rotineiras. Este estudo dedicou-se a analisar as relações entre a memória de curto prazo, a atenção e os padrões de sono nos trabalhadores de enfermagem nos turnos diurno e noturno.

A pesquisa foi realizada em uma instituição hospitalar particular no interior do estado de Minas Gerais com profissionais de enfermagem (entre eles técnicos de enfermagem, enfermeiros e auxiliares de enfermagem), com a participação de 109 indivíduos, número que foi reduzido pela falta de preenchimento diário por 15 dias do Diário do sono.

Este questionário era autoaplicável, composto por doze questões, onde o informante anotava diariamente as informações sobre os horários de dormir e acordar, a qualidade do sono e a percepção ao acordar. Para analisar a memória de curto prazo e a atenção concentrada foram aplicados dois testes da bateria de inteligência WAIS III, a saber, o Subteste Digit Span – Dígitos e o Subteste Dígitos – Código, respectivamente.

Foi observada uma diferença na qualidade do sono entre os indivíduos que trabalhavam no turno diurno (das 7 às 19h) e noturno (19 às 7h). Pelo fato de o sono dos trabalhadores noturnos se dar de forma fracionada, os trabalhadores do turno diurno mostraram maior qualidade no sono.

A questão de ter filhos se mostrou significante, uma vez que um filho faz com que sua atenção se torne dividida, prejudicando o desempenho em muitas tarefas, tal como as avaliadas na pesquisa. Por sua vez, os trabalhadores que estão atualmente estudando tiveram uma vantagem no desempenho em ambas tarefas. Outra variável significante foi a idade dos sujeitos, uma vez que houve uma melhor capacidade e facilidade para memorização entre os jovens de até 30 anos.

Uma das limitações desse estudo é o fato de a maioria dos trabalhadores de enfermagem ser do sexo feminino, o que pode prejudicar a generalização dos resultados.

Este estudo foi publicado na Revista Gaúcha de enfermagem e pode ser encontrado no link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472013000100004&lng=pt&nrm=iso

 
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Posted by on September 22, 2014 in UFPEL

 

Atividade Física de lazer pode melhorar desempenho cognitivo

Lauren Prestesfoto lauren

 

Sabe-se que é preciso praticar esportes para ter uma vida saudável, mas quais são os benefícios cognitivos desse hábito para as crianças? Esse foi o questionamento de um grupo de cientistas brasileiros que pesquisaram sobre o assunto. Segundo eles, há uma melhora significativa na memória incidental de crianças consideradas ativas. 

Memória é a capacidade de gravar, armazenar e, posteriormente, acessar informações. Já a memória incidental é caracterizada por estar associada ao processamento cognitivo da memória de trabalho, ou seja, ela é parte fundamental nas operações mentais em curto espaço de tempo. 

Publicado na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, o estudo realizado por Merege Filho e colaboradores aponta que um maior nível de atividade física no tempo de lazer pode influenciar positivamente a memória incidental. Porém, não relata diferença de resultados para outras tarefas cognitivas testadas.   

Os pesquisadores examinaram 100 crianças entre dez e doze anos de idade de ambos os sexos. Conforme o tempo semanal de atividade que praticavam, os voluntários foram divididos em dois grupos: “ativos” e “insuficientemente ativos”. Depois de classificados, os participantes passaram por uma bateria de exames formada por três diferentes testes que se propunham a avaliar: atenção seletiva, controle inibitório, flexibilidade mental, memória incidental, imediata e tardia. 

A pesquisa mostrou que, apesar de não encontrarem diferenças significativas entre os grupos em dois dos testes aplicados, houve melhores resultados no grupo de crianças ativas com relação à memória incidental, a qual se associa ao processamento cognitivo da memória de trabalho. 

Este resultado indica que as crianças praticantes de atividade física têm melhor desempenho na organização de informações recebidas, fazendo com que tenham elevada compreensão da linguagem e raciocínio. 

Portanto, segundo o estudo, a atividade física, enquanto lazer, pode trazer benefícios ao ser humano. Prazerosos minutos de brincadeiras, jogos ou dança trariam, além de diversão e descontração, vantagens cognitivas no cotidiano, facilitando o aprendizado, por exemplo. Sendo assim, vale a pena repensar o tempo livre.

O artigo Associação entre o nível de atividade física de lazer e o desempenho cognitivo em crianças saudáveis de Merege Filho e outros pode ser encontrado na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, no site http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/63107 .

 

 
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Posted by on September 1, 2014 in Memória de Trabalho, UFPEL

 

Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares

Cid Farias

Foto CIdEmbora o uso de cocaína e crack seja um problema significativo de saúde pública, ainda existe uma relativa escassez de dados científicos sobre as reais consequências neurocognitivas decorrentes da exposição à substância. Frente a isso, o Grupo de Estudos de Álcool e Drogas (GREA), em conjunto com o Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Programa de Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), desenvolveram um estudo que avaliou a associação entre dependência de cocaína e crack e desempenho cognitivo.

O estudo publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria teve como finalidade a comparação de desempenho em uma ampla bateria de testes neuropsicológicos entre dois grupos amostrais, um composto por 15 dependentes de cocaína em abstinência por duas semanas e em tratamento em regime de internação, e outro formado por 15 sujeitos controles, não usuários de drogas, pareados por idade, sexo, escolaridade, nível socioeconômico, lateralidade e QI.

A bateria de testes neuropsicológicos foi direcionada à avaliação das seguintes áreas do funcionamento cognitivo: Atenção (Trail Making Test – TMT, Stroop Color Word Test –SCWT, Dígitos Diretos – DD e Dígitos Indiretos – DI, WMS-R); Memória (Memória Lógica – ML I e II – WMS-R, Reprodução Visual – RV I e II – WMS-R e Recuperação da Rey-Osterrieth Complex Figure – ROCF); Aprendizagem (Buschke Selective Reminding Test – BSRT); Funções Executivas (Wisconsin Card Sorting Test – WCST 8 e Frontal Assessment Battery – FAB 9); Funções Viso-espaciais (Cópia da ROCF e Cubos – WAIS-R); Linguagem (Vocabulário – WAIS-R, Controlled Oral Word Association Test – COWAT e Boston Naming Test – BNT) e Funções intelectuais (WAIS-R).

A pesquisa revelou a presença de alterações de desempenho dos pacientes dependentes de cocaína/crack, principalmente relacionadas à capacidade de reter e manipular informações na mente (atenção e memória de trabalho), como indicado nas provas DD e DI (WMS-R), o que pode comprometer, por exemplo, a aderência ao tratamento; e às funções executivas, o que sugere uma pior qualidade da tomada de decisões. Também foram observadas diferenças estatisticamente significantes nos testes de fluência verbal fonológica, evidenciando déficits significativos de expressão verbal; déficits de memória visual tardia, recuperação de memória e aprendizado verbal, sugerindo que estes pacientes apresentam problemas no armazenamento de novas informações verbais, possivelmente associadas a alterações funcionais de lobos frontais e temporal..

Portanto, os dados mostram evidências de que o abuso de cocaína está associado a déficits cognitivos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos, possivelmente relacionados a alterações em regiões cerebrais pré-frontais e temporais relacionadas, repercutindo, por exemplo, na capacidade do paciente incorporar estratégias necessárias para a prevenção de recaídas. O conhecimento dos danos neuropsicológicos específicos se mostra fundamental tanto para a compreensão do dano e, consequentemente, do comportamento manifesto pelo dependente químico, quanto para o planejamento de programas de prevenção e tratamentos mais efetivos para usuários de cocaína/crack.

O artigo Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares, de Cunha e colaboradores, pode ser encontrado na revista Brasileira de Psiquiatria, no site

http://www.scielo.br/pdf/rbp/v26n2/a07v26n2.pdf

 

 

 
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Posted by on July 21, 2014 in Dependência química, UFPEL

 

Escolhas feitas por consumidores na hora da compra podem ser influenciadas pela pressão do tempo

rafaRafaella Laviaguerre

Consumismo é, hoje em dia, tratado como normal dentro de algumas sociedades. As pessoas diariamente estão em busca de novas mercadorias, novas opções que tragam benefícios para suas vidas, e analisam variáveis antes de efetuar certas escolhas. Estes momentos de decisão podem sofrer a influência de uma possível pressão do tempo e acabar modificando a escolha final.

Um estudo de Tonetto, Rohenkohl e Stein, da PUCRS, utilizou um instrumento computadorizado para mensurar os efeitos da pressão do tempo na decisão do consumidor.  O julgamento é uma importante ferramenta utilizada nestes momentos de decisão, e significa a avaliação de duas ou mais opções existentes, a qual é seguida por  uma tomada de decisão com relação à escolha de uma dessas alternativas. Este processo envolve funções complexas que abrangem a análise das características de cada uma das opções existentes e a estimativa das consequências provenientes da decisão tomada.

Kahneman e Tversky (1979) propõem a Teoria dos Prospectos, a qual abarca os fenômenos de efeitos de certeza, reflexão e configuração, considerados importantes na resolução de dilemas. Por exemplo, as pessoas supervalorizam a certeza, preferindo resultados seguros, ao invés de correr riscos em problemas que envolvem ganhos com os mesmos valores médios ou valores objetivos. Também é costumeira a tendência das pessoas em reverterem suas preferências quando o ganho é substituído pela perda, buscando, então, o risco. Já o efeito de configuração trata do achado de que as pessoas respondem de forma distinta a diferentes descrições de um mesmo problema, ou seja, quando a situação traz ganho ao consumidor, a preferência é arriscar, quando ocorre perda, eles preferem ter certeza do que perderão.

A variável efeito da pressão do tempo foi estudada por Tonetto e colaboradores, com intuito de avaliar se esta influenciaria na tomada de decisão do consumidor. Sabe-se que a pressão do tempo na tomada de decisão pode causar impactos importantes nas escolhas das pessoas. No experimento em questão, era esperado que quanto maior a pressão do tempo, menor seria o risco de a pessoa buscar e optar pela resposta de segurança. O estudo integrou 96 alunos que foram distribuídos em três grupos ( G1: sem pressão do tempo, G2: tempo reduzido em 25% e G3: tempo reduzido em 50%). Os dilemas, constituídos com temas frequentes de peças publicitárias, eram formados por 4 níveis de avaliação:

  • médias e altas probabilidades de ganhos;
  • baixas probabilidades de ganhos;
  • médias e altas probabilidades de perdas;
  • baixas probabilidades de perdas.

Foram avaliados os padrões esperados de aversão e busca pelo risco no julgamento e tomada de decisão, frente a diferentes probabilidades de ocorrência de ganhos e perdas.  Nos dilemas que apresentavam médias e altas probabilidades de ganhos e baixas probabilidades de perdas, foi observado o efeito de configuração na tomada de decisão do consumidor. Resultados estes consistentes com o padrão de aversão ao risco, incluindo os dados referentes à pressão do tempo. Já nos dilemas que apresentavam baixas probabilidades de ganhos e médias e altas probabilidades de perdas, não foram identificados os padrões esperados de busca pelo risco.

Avaliando o efeito de configuração nos grupos expostos à pressão do tempo, evidenciou-se que a tendência a escolher alternativas de certeza diminuiu, significando que a pressão do tempo pode prejudicar a qualidade da decisão.

Foi possível identificar também que muitos dilemas não obtiveram respostas, ou seja, com o aumento da pressão do tempo os dados sugerem que os participantes do estudo buscaram evitar o sofrimento gerado por uma tomada de decisão precipitada, como estratégia cognitiva para lidar com a pressão do tempo.

Apenas a aversão ao risco corroborou outros estudos, não sendo identificado um padrão de respostas aos dilemas em relação à busca pelo risco. Diferente de pesquisas anteriores, o aumento da pressão do tempo tendeu a extinguir o efeito de configuração na decisão dos consumidores. Significando que, com pressão do tempo, a forma com que o problema decisório é apresentado para o consumidor parece não ter tanto impacto sobre a decisão tomada. Parte do estudo corroborou dados anteriores e a respeito dos desvios é sugerido mais estudos na área. Pode-se concluir, portanto, que os consumidores, ao tomarem suas decisões, preferem alternativas seguras, e onde era esperado busca pelo risco a tendência não foi correspondida.

O artigo O efeito da pressão do tempo na tomada de decisão do consumidor de Leandro Miletto Tonetto e outros, pode ser lido em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-96902008000100013&lng=pt&nrm=iso .

 

 
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Posted by on July 18, 2014 in Tomada de Decisão, UFPEL

 

O impacto das emoções em nossas “falsas memórias”

Lucas camachoLucas Camacho

Você faz ideia de que sua memória pode sofrer distorções a partir de suas emoções? E que a emoção pode ser uma aliada na proteção de sua memória contra as falsas memórias? Uma pesquisa realizada por Neufeld e colaboradores em instituições públicas e privadas em cidades do interior do Rio Grande do Sul e Paraná procurou adaptar um método de investigação do impacto da emoção na memória buscando avaliar os efeitos da emoção nas distorções da memória. O estudo dessas distorções, segundo os autores, está sendo amplamente estudado, e dentre as distorções mais estudadas estão as falsas memórias. No entanto, sua relação com as emoções ainda é inconclusiva na literatura.

A pesquisa teve como proposta adaptar um instrumento para investigação da memória e das falsas memórias.  O instrumento surgiu a partir da contribuição de Cahill e colaboradores (1994) na produção de um procedimento capaz de testar a influência da emoção sobre a memória. Porém, o material original sofreu diversas modificações para melhor se adequar à realidade brasileira, procurando preservar as características essenciais da versão original.

O material consiste em 11 slides divididos em duas versões, uma considerada neutra (nomeada ‘controle’) e outra emocional (nomeada ‘experimental’). A versão neutra narra o passeio de um menino com sua mãe até o local de trabalho de seu pai. No caminho, o menino passava por um carro acidentado e no hospital ele assistia a um treinamento de emergência. A versão denominada emocional relatava que durante o passeio o menino sofria um acidente, causando-lhe graves ferimentos, motivo pelo qual este teve que ir até o hospital.

A fim de adequar à nossa realidade, os autores aplicaram alguns testes-piloto para o aprimoramento e adaptação cultural do material. Após todos os procedimentos necessários para a finalização da nova versão, o instrumento permaneceu com 11 slides com 25 frases, as quais são utilizadas para a aplicação do teste de memória (6 questões para cada slide, após a apresentação destes).

O procedimento do estudo principal contou com a presença de 138 participantes (64 homens e 74 mulheres), selecionados por conveniência, com média de idade de 21 anos, todos estudantes universitários de diversos cursos de graduação (administração, engenharia, pedagogia, psicologia, enfermagem) em uma instituição privada de ensino superior do Paraná.

O resultado obtido indicou que os participantes do grupo ‘experimental’ avaliaram o material com maior intensidade emocional do que os participantes do grupo ‘controle’, apoiando o fato de que o material experimental de fato gerava uma emocionalidade maior. No que se refere ao efeito da variável sexo, observou-se que os homens consideraram o material com maior carga emocional do que as mulheres.

A avaliação do desempenho de memória foi baseada em três tipos de respostas: memórias verdadeiras, falsas memórias e respostas de viés (respostas não relacionadas aos itens). Os homens obtiveram índices superiores considerando os índices de memórias verdadeiras. Em relação às falsas memórias, foi detectado um maior índice no grupo de slides controle, do que no grupo experimental, em que a história de fato envolvia uma condição emocional. Já as respostas de viés chegaram a apresentar índice nulo em determinados momentos.

Os resultados sugerem uma adequação da adaptação do instrumento e procedimentos à realidade brasileira, sendo que parece haver um efeito potencializador da emoção sobre as memórias verdadeiras, principalmente para participantes do sexo masculino. Constatou-se que o procedimento adaptado foi efetivo para medir o efeito da emoção na memória e suas distorções, e a emoção parece proteger a memória contra os efeitos da falsificação. Todavia, o fato dos itens do teste estarem direcionados para informações centrais do evento pode ter favorecido as lembranças verdadeiras dos homens acerca da história, fazendo-se necessário a inserção de detalhes periféricos ao evento nos itens do teste.

O artigo Adaptação de um método de investigação do impacto da emoção na memória pode ser encontrado no site http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712008000100004&lng=pt&nrm=iso

 

 

 
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Posted by on July 18, 2014 in Memória, UFPEL

 

Habilidades sociais em alcoolistas: um estudo exploratório

???????????????????????????????Luan Telles

“Como explicar aquela velha história de cavalos com menos dedos e mais dentes? E o desaparecimento dos membros traseiros nas baleias? E o tamanho crescente do cérebro nos seres humanos? […] Louvemos, portanto, a grandeza dessa magnífica tentativa de agitar o nosso maquinário mental, exercitando aquela mudança antecedente e igualmente fundamental que tornou a evolução humana possível: a postura ereta e a locomoção bípede.”

Stephen Jay Gould, Caminhando pela evolução

“Já é mais do que tempo de enterrarmos o fantasma do determinismo genético […] O efeito dos genes nos corpos e no comportamento é como o efeito da fumaça do cigarro nos pulmões. Se você fuma muito, isso aumenta a probabilidade de que você tenha um câncer de pulmão. Mas não determina infalivelmente que você terá um câncer de pulmão. Nem garante infalivelmente que você não terá um câncer de pulmão se evitar o fumo. Vivemos num mundo estatístico.”

Richard Dawkins, Os genes não somos nós

 

Ninguém duvida que possuir um repertório adequado de habilidades sociais (declarar sentimento amoroso, falar em público, receber e formular críticas, fazer elogios e expressar raiva de forma socialmente competente, por exemplo) é indispensável ao convívio em sociedade. Mais que isso: habilidades sociais adequadas estão intimamente relacionadas a um ciclo vital saudável.

Pessoas com deficiências em habilidades sociais podem utilizar o álcool como um meio de automedicação (efeito ansiolítico), o que leva à redução ou eliminação da ansiedade excessiva e à melhora da performance frente a situações de interação social e de desempenho. Assim, a ausência de um bom conjunto de habilidades sociais pode contribuir para o consumo prejudicial da substância. Em parte por isso, padrões de emprego do etanol – uso abusivo, uso crônico e dependência – são questões cruciais em saúde pública, pelas repercussões negativas não só no indivíduo usuário (desnutrição, hepatite, cirrose, afastamento do trabalho, etc.), como também no ambiente onde ele se insere (violência, acidentes).

Levando em consideração tal problemática, um estudo publicado em 2007 por uma equipe de cinco psicólogos pretendeu discutir a interface alcoolismo/habilidades sociais, sob um ponto de vista exploratório. Assim, o estudo de Cunha e colaboradores teve como objetivo investigar as habilidades sociais em alcoolistas e averiguar expectativas de efeitos positivos do álcool (efeitos que facilitem interações). Para tanto, respectivamente, os autores utilizaram o Inventário de Habilidades Sociais (IHS) e o Inventário de Expectativas e Crenças Pessoais acerca do Álcool (IECPA). Trata-se de um estudo de corte transversal, do qual participaram 26 indivíduos tratados em um Centro de Dependência Química de Porto Alegre (RS), sendo que os autores remetem três critérios de inclusão: idade entre 18 e 60 anos, abstinência há mais de sete dias e ausência de dependência de outras substâncias, exceto nicotina.

Os baixos escores observados no IHS permitiram supor que os indivíduos analisados detêm déficits em habilidades sociais, especialmente no que concerne à autoafirmação de afeto positivo (agradecer elogios, elogiar familiares) e à conversação e desenvoltura social (habilidades de “traquejo social”, como encerrar conversa ao telefone, manter conversa com pessoa que acabe de conhecer, etc.). Ademais, notou-se uma tendência de as mulheres avaliadas possuírem déficits mais significativos em habilidades sociais. Homens e mulheres com baixo repertório de habilidades sociais seriam, conforme comparação com grupos de referência, indicados para Treinamento em Habilidades Sociais.

No que tange ao IEPCA, observou-se que os participantes detêm crenças e expectativas sobre o consumo etílico, por exemplo: “O álcool me desinibe”, ou “Para mim, o álcool torna mais fácil a comunicação com os outros”. Isso é indicativo de que as pessoas estudadas veem o álcool como um facilitador das interações sociais e do desempenho interpessoal, o que pode resultar em reforço ao consumo. À luz disso, assim como na abordagem a outros transtornos, a investigação de crenças-regra e de estratégias compensatórias é essencial para avaliar indivíduos alcoolistas e intervir no seu quadro.

Apesar das limitações da pesquisa (amostra pequena e ausência de avaliação de comorbidades, como transtorno de ansiedade social e depressão), a mesma é relevante não apenas por avaliar e discutir os déficits sociais e crenças disfuncionais relacionadas ao alcoolismo, mas também por propor a promoção da saúde nos indivíduos acometidos, através da possibilidade de inserção do Treinamento em Habilidades Sociais como modalidade terapêutica auxiliar.

O artigo ao qual o texto acima se refere foi publicado na Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (2007, Volume 3, N° 1).

Endereço eletrônico: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtc/v3n1/v3n1a04.pdf

 

 

 

 

 

 
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Posted by on July 8, 2014 in Dependência química, UFPEL