Luiz Gustavo Kiesow
Uma pesquisa realizada na Universidade Fernando Pessoa, em Porto, Portugal, traz resultados animadores para portadores de transtornos de ansiedade. A pesquisa liderada por Joaquim Ramalho demonstrou que a utilização da estratégia de auto-instruções incrementa significativamente as capacidades atencionais, tanto em indivíduos saudáveis quanto em indivíduos identificados com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
O procedimento para a realização do treino em auto-instruções consiste em pedir aos sujeitos que verbalizem de forma sistemática qual o processo que será adotado para a realização de uma tarefa. Cientistas discutem que essa estratégia apresenta resultados relevantes em tarefas atencionais pois “o processo de internalização da linguagem exerce uma grande influência sobre o processo de realização das tarefas, já que lhes facilita a organização da sua própria atividade.”
No estudo de Joaquim e colaboradores, foram examinados dezenas de participantes, com e sem problemas atencionais, os quais foram divididos em dois grupos. Ambos os grupos precisaram realizar uma tarefa de avaliação de atenção, sendo que em um dos grupos foi empregada a técnica de auto-instruções antes da realização de cada tarefa.
A pesquisa demonstrou que em praticamente todos os aspectos avaliados, os participantes que empregavam a técnica de auto-instruções antes de cada tarefa obtiveram melhores resultados que o grupo que não fez uso da técnica. O resultado foi semelhante tanto para indivíduos saudáveis, quanto para aqueles que eram diagnosticados com déficit de atenção.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade causando prejuízos ao portador e a outras pessoas em pelo menos dois contextos diferentes (escolar e familiar, por exemplo). Segundo a organização mundial de saúde, entre 3% e 6% das crianças em fase escolar foram diagnosticadas com este transtorno. Dessa forma, números tão relevantes evidenciam a importância de pesquisas que buscam o desenvolvimento e validação de estratégias que visam a regulação atencional.
Joaquim Ramalho afirma ainda que: ” Reconhecida a importância da auto-instrução nas tarefas, é conveniente que em termos futuros esta possa passar a ser uma estratégia essencial na execução das tarefas, não só para os sujeitos com transtornos de déficit de atenção, mas para todos os sujeitos.”
O artigo na íntegra foi publicado na revista Psicologia: Reflexão e Crítica e pode ser encontrado em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722011000100021